30 junho 2007

Um escultor para o fim de semana

kenneth Snelson

Esta torre permanece na minha cabeça desde que vi, pela primeira vez, uma fotografia sua. Sobre o seu autor existe informação aqui, sobre esta peça e sobre o local onde ela se encontra - Hirshhorn Museum and Sculpture Garden - pode procurar-se aqui. A fotografia que tanto me surpreendeu e chamou a atenção para esta construção está aqui. Não a consegui publicar, mas aconselho-a vivamente. É através dela que se vê claramente a incrível engenharia que permitiu a construção desta peça escultórica.

28 junho 2007

A CASA DO HORROR (V)

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Um país em guerra. Um soldado estrangeiro sobe um muro alto e espreita para dentro de um quintal. Vê corpos inanimados espalhados pelo chão. Alguns mexem-se. Ouve gemidos. O grupo de soldados invade o edifício e percebe que se encontra num orfanato para crianças com necessidades especiais. Descobrem orfãos subnutridos por todo o lado. Não são alimentados há cerca de um mês. Há crianças tão fracas que não conseguem falar ou chorar. Na cozinha os guardas jogam às cartas enquanto cozinham uma abundante refeição apenas para si próprios. Uma busca à despensa revela fardos de roupa e caixas de comida prontas para serem traficadas e vendidas no mercado negro. Apesar de transportadas para um hospital e alimentadas, algumas crianças já não recuperam e morrem após o resgate. A ficção não faz parte desta história.
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Para ver aqui, ou aqui,
etc.

O prometido é devido...

mas o YouTube não parece querer colaborar. A Rosa de Hiroxima está aqui. Secos & Molhados no seu melhor.

Secos e Molhados Muito

A canção é repetida, mas o vídeo é delicioso. Estava-se em 1973!

26 junho 2007



CV

As montanhas aumentam de tamanho à medida que nos aproximamos delas. É uma mania antiga, que fazem questão de manter.


CVI

Partindo do seu ponto de vista, é injusto que queiras exterminar a injustiça.


do Caderno de pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

25 junho 2007

COLECÇÃO BERARDO NO CCB

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O homem será polémico e desencadeia reacções de todo o tipo na sociedade portuguesa. Poucos morrerão de amores por ele, e outros são atacados por súbita comichão assim que ouvem a palavra Joe. Há, no entanto, um ponto que parece consensual: reuniu uma das colecções mais importantes, a nível mundial, sobre a arte do século XX.


A telenovela é conhecida: Berardo propunha, os governos diziam sim, mas..., Berardo ameaçava com a deslocalização, os governos diziam mas, mas..., falou-se no Pavilhão de Portugal, no Museu do Chiado, num museu construído de raiz, em França, pelo governo francês, no Japão, pois, pois..., mas, mas..., contamos com o patriotismo do senhor..., anos a fio.


A colecção abre hoje ao público no Centro Cultural de Belém -complementada por obras de outros museus nacionais e estrangeiros- por um período (mínimo) de dez anos. Isso é mais importante do que todo o nevoeiro lançado em volta do assunto. Para mim, em última análise, a colecção é mais importante do que Joe Berardo. Goste-se ou não da ideia.
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Mas, sendo as coisas como são, é difícil achar bela sem senão; se Lisboa (e Portugal) ganha uma "bandeira cultural", perde, por outro lado, um espaço priveligiado para grandes exposições de autor e outras de grande circulação internacional. Reivindique-se um espaço assim e a colecção Berardo terá funcionado duplamente.

22 junho 2007

UM ESCULTOR PARA O FIM DE SEMANA

RICHARD SERRA


Na imensa obra de Richard Serra destacam-se estas gigantescas Torqued ellipses e Snake que fazem parte da colecção permanente do Museu Guggenheim de Bilbao. A primeira impressão com que o observador se depara é a escala monumental do conjunto e a sua adequação ao espaço envolvente. Tudo é enorme, excepto os observadores. Percorrê-las, entrar nelas, cumprir os seus trajectos sinuosos, por vezes quase claustrofóbicos, percurtir o metal com os nós dos dedos, notar o ar de espanto e de deslumbramento dos outros visitantes, constituem experiências inabituais. Terminada a visita e abandonada a sala, outra surpresa aguarda os passeantes; uma pequena varanda, num piso superior, de onde se tem uma visão do conjunto e das pessoas que circulam fora e dentro das esculturas (conferir imagem superior). Belo, impressionante e inesquecível.

20 junho 2007

O Jardim - Fabíola Aquino

Roubei este vídeo no http://prazer_inculto.blogspot.com . Possidónio Cachapa comenta, laconicamente, que sente saudades do Brasil. Percebe-se porquê.

Eutanásia, aborto, legalização e objecção de consciência...
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39% dos médicos oncologistas portugueses defende a legalização da eutanásia como questão ética. Por outro lado, o número de médicos objectores de consciência em relação à interrupção voluntária da gravidez tem aumentado, atingindo os 80% em alguns hospitais públicos. Ocorre-me perguntar o seguinte: de um ponto de vista civilizacional, que significam estes movimentos aparentemente contraditórios? É, ou não, verdade que, em ambos os casos, a vontade consciente do "paciente" é parte importante da decisão final? Até que ponto? Quanto vale a vontade do paciente? E a do médico? Em que momento a morte assistida deixa de se confundir com suicídio assistido? Podem, em qualquer dos casos, os objectores de consciência atingir os 80%? Nesse caso, que soluções oferece o estado ao paciente para que o seu direito prevaleça?

19 junho 2007

exercícios de lógica

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José Mourinho empurrou Shevchenko para perto da porta de saída do Chelsea, segundo alguns analistas, com esta declaração assaz reveladora: Se querem saber se o Shevchenko voltará algum dia ao Milan, não lhe perguntem a ele, mas a Kristen, sua mulher. Em minha casa mando eu, enquanto no caso do André, se a mulher levanta a voz, ele vai esconder-se debaixo da cama com o rabo entre as pernas.
Ficamos, com esta curta declaração, a saber uma enorme quantidade de coisas:
1- Shevchenko tem mulher, rabo, pernas e uma cama onde se esconder debaixo.
2- A mulher de Shevchenko chama-se Kirsten e sabe algumas coisas, pelo menos o caminho para Milão.
3- Mourinho tem casa e manda nela.
4- Mourinho tem mulher e ela não manda nada em casa.
5- A mulher de Mourinho não levanta a voz ou, se levanta, baixa-a de novo, por não lhe adiantar ter voz.
6- Mourinho, ou não tem medo da voz da mulher, ou tem uma cama demasiado baixa e não cabe sob ela, ou não tem pernas ( o que não é manifestamente verdade, já as vi na televisão ) ou não tem rabo (que nunca vi, nem na tv).
7- A confirmar-se a última hipótese, a tradicional sabedoria do povo português deslinda o caso através de um pequeno ditado - quem tem cu, tem medo. Logo, quem não tem um, não tem outro.
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Mas resta uma pergunta ( ou duas )
- Mourinho não tem medo por não ter rabo, ou não tem rabo por não ter medo?

18 junho 2007

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Hilaria. Fantástico. Volta sempre.

( Merda. Esqueci-me outra vez da máquina fotográfica.)
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15 junho 2007


CIII

Devolve-me todas as palavras. Não tas dei para que fizesses mau uso delas.


CIV

Mantém-te bem intencionado. É com boas intenções que muitos se tornam cabrões.

do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

14 junho 2007

QUANDO POSSÍVEL E IMPOSSÍVEL SE CONFUNDEM

Katie Melua duets with Eva Cassidy

13 junho 2007

A CASA DO HORROR (IV)

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O horror, quando nos confrontamos com ele, não se traduz obrigatóriamente em morte, sangue ou violência física. O horror não se relativiza dizendo ah, aconteceu no terceiro mundo, isso, lá, é normal, nem afimando o contrário ah, eles preocupam-se com um indivíduo, quando isso, aqui, acontece todos os dias. É considerando esse aspecto que se faz a seguinte precisão: O caso verídico que hoje se narra não ocorreu num país onde a justiça é tida como algo que não funciona, bem pelo contrário.
Um homem inocente foi esquecido numa prisão por uma juíza. Teria bastado uma assinatura sua para que a libertação do detido se consumasse. Passaram 437 dias até que o erro fosse finalmente reparado.
Todo o horror a que o homem foi sujeito, todas as angústias, todas as perguntas que se terá feito, todos os suores, todas as consequências, todo o desespero, a troco de um esquecimento. De uma assinatura.

12 junho 2007

HILARIA KRAMER

.Hilaria Kramer
"Jazzin' Brasil e Superguru
na Villa Cicogna Mozzoni"
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Tem sido apanágio do Afinador de Sinos manter uma certa reserva verbal em relação aos acontecimentos de que dá notícia. Dito de outra forma: o Afinador procura não ser um clube de amigos, tu cá, tu lá, palmadinhas nas costas e miradinhas elogiosas em relação ao umbigo de cada um. Mas há semanas assim, em que os amigos resolvem aparecer de uma só vez, vindo mostrar-nos o seu trabalho. Depois do post anterior ( Paulo Neves ) eis a minha amiga Hilaria Kramer, com quem tive o prazer de colaborar em Zappatronix e Superguru, de regresso a Portugal para dois concertos com a BB-Band, em Almada ( Convento dos Capuchos, 15 de Junho ) e Lagoa ( Sítio das Fontes, 16 de Junho ). A Hilaria, digo eu que sou suspeito, é uma força da natureza e colaborou, entre muitos, com Steve Lacy e Chet Baker ( ver Bio ).

Paralelamente, e como resposta a este Bom Princípio, recebi do Luigi Abbondanza o seguinte comentário: perfetto. esact&qual quello ke intendevo. adesso devi finirlo cazzo!

A ideia da comissão de idoneidade existencial partiu do Luigi, que me sugeriu que escrevesse uma peça de teatro em torno deste tema, para a nossa Companhia de Teatro Cadeia Velha. O princípio já está, falta o resto. Ma ferma i cavalli, Luigi, que é uma expressão que, se existisse em italiano, quereria dizer, aguenta lá os cavalos, amico mio, começar e terminar não são exactamente a mesma coisa.

11 junho 2007

Um escultor para esta semana

PAULO NEVES



Por absoluta de falta de tempo não fiz no último sábado o post que tinha planeado para a rubrica Um escultor para o fim de semana. Era a propósito de um convite que recebi do Paulo Neves para a inauguração da sua exposição actualmente a decorrer na Galeria Municipal de Matosinhos. Paulo Neves é um dos maiores e mais profícuos escultores portugueses, autor de uma obra pública e privada absolutamente notáveis, com grande representação internacional. Horários e calendário da exposição devem ser pedidos para a referida galeria. Eu, não me deslocando brevemente a Matosinhos (ou a Cucujães, onde trabalha), envio um abraço ao Paulo e desejo-lhe boa sorte. E que continue o seu caminho, naturalmente.

sons da fala

Ontem ( Domingo ) à noite, na Fortaleza de Sagres, Sons da Fala, um projecto que integra todos estes nomes
Sérgio Godinho (Portugal)
Vitorino (Portugal)
Janita Salomé (Portugal)
Tito Paris (Cabo Verde)
Nancy Vieira (Cabo Verde)
Filipe Mukenga (Angola)
Juca (São Tomé e Príncipe)
Guto Pires (Guiné Bissau
André Cabaço (Moçambique)
Madeira Júnior (Brasil)
Luanda Cozetti (Brasil)
não podia deixar de ser interessante e variado. Surpreendente a versão de Menina estás à janela, uma fusão de hip pop com música popular portuguesa. Luanda Cozetti esteve muito bem, pois claro. Festiva a versão de Venham mais cinco com todos os músicos e cantores em palco. Lamenta-se apenas que não tenha sido possível o encore que o público pedia, devido à realização de um espectáculo de fogo de artifício. Com um pouco de boa vontade por parte da organização, teria dado para tudo.

07 junho 2007

Dois em um, uma contribuição de serviço público
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Entre os vários grupos de interesses que se reunem em torno da OTA contam-se otistas optimistas, hoteleiros e alguns otários, já que os últimos, é sabido, se têm disseminado por todos os sectores públicos e privados. Eu, que não pertenço a qualquer deles, acho que a discussão tem sido frutífera e tem contribuído para a familiarização do povo português com as línguas estrangeiras, ou não fosse um aeroporto, também, uma espécie de plataforma ( 'tá bem, 'tá bem, interface ) linguística. Depois de algum inglês técnico que aqui me dispenso de reproduzir, aprendemos o jamais ( pronunciar jámé e repetir em voz alta ) e, hoje, o peanuts.
Lamenta-se apenas que Mário Lino tenha perdido o ensejo de nos ensinar uma palavra nova, noutra língua, quando declarou não haver ninguém a sul do Tejo. As possibilidades eram muitas, mas bastaria um nadie, um niemand ou um nessuno, para obter um belo efeito e prestar um bom serviço público. Além disso, soa bem:
-Não há nessuno a sul do Tejo.
-Não há niemand a sul do Tejo.
-Não há nadie a sul do Tejo.
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Há oportunidades que, uma vez perdidas, não sabemos se se voltarão a repetir. É pena.

06 junho 2007

A CASA DO HORROR (III)

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Nem todos os pormenores foram divulgados. Ignoro, por exemplo, como três homens cujas idades rondam os cinquenta anos se conheceram e juntaram para a concretização do plano. Sei, por outro lado, que um agente infiltrado impediu a consumação do horror. Os factos relevantes contam-se em poucas palavras:
Três homens planeiam raptar, num país vizinho, uma menina de cerca de nove anos. Atravessariam de novo a fronteira e passariam o fim-de-semana numa casa onde a torturariam e violariam. Usariam máscaras e filmariam as sevícias praticadas. O filme destinar-se-ia a circular no universo pedófilo e voyeur. Para terminar marcariam a menina com um ferro em forma de S e libertá-la-iam. Feito isto regressariam à sua vida de pacatos cidadãos. Um deles, casado e pai de filhos, agradeceu à polícia tê-lo preso antes que os acontecimentos tivessem lugar, confessou-se aliviado e declarou ter sido tomado por uma vontade que não conseguia controlar. A sua família, em cuja casa foi encontrado o ferro em forma de S, manifestou-se incrédula. Trata-se, segundo eles, de um homem adorável.

05 junho 2007

CI

Haverá, talvez, mais marés do que marinheiros. Mas há mais marinheiros mortos do que marés vivas.


CII

Não tentes, na rua, dobrar uma esquina. Isso pode trazer muitos incómodos e destruição.


do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

04 junho 2007

Os aforismos estão certos. Eu é que não os compreendo!
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Os meus filhos, após passagens meteóricas por outros desportos, fixaram-se momentânente (?) no hóquei em patins. Com isso, vi-me confrontado com um fenómeno que desconhecia em absoluto: o do desporto infantil e juvenil, organizado em torno de pequenos clubes locais e regionais com competições entre si, uma lufa-lufa de deslocações, apoios, ajudas e empenho por parte dos pais e dirigentes, horas passadas em pavilhões desportivos, dezenas de milhar de pessoas envolvidas em iniciativas deste cariz por todo o país, semana a semana.
Vem isto a propósito do despropósito. Quero dizer: já assisti algumas vezes a cenas de pais que, descontentes com decisões dos árbitros, por exemplo, em jogos onde as idades dos "atletas" rondam os oito, nove, dez anos, partem para o insulto e para o enxovalho sem estribeiras. Exemplos?
-Palhaço, ladrão!
-...
-És um palhaço, cabrão de merda, filho da puta...
O homem, pai de um pequeno jogador, continuou a beijocar o árbitro com afagos deste género. O outro, intitulado juiz, desvia os olhos do campo, vira-se para o público, encara o carinhoso pai e dispara com igual afecto:
-'Tou-te a marcar, quando isto acabar parto-te os cornos.
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Outro exemplo, noutro jogo, noutra terra, noutro pavilhão, de um pai extremoso para o árbitro:
-Devias era levar com um patim que te abrisse a cabeça, ó seu caralho!
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Desporto, sabem? Desporto infantil, para a educação, o crescimento e a cidadania. Mente sã em corpo são, como, de resto, toda a gente afirma. Deve haver alguma subtileza que me escapa.

01 junho 2007

Entra-se no edifício que foi a sede do Banco Nacional Ultramarino (BNU)
em Lagos.

Percorre-se a sala do rés-do-chão onde estão expostas obras de outros artistas. Observam-se essas obras. Sobe-se ao primeiro piso. Desfruta-se. Feito isso, desce-se uma escadaria que conduz à cave do edifício.

Aí, depara-se com algumas grades metálicas e a porta blindada de um cofre-forte.
É o coração do banco, o sítio mais inacessível. Adivinha-se a presença de algo no seu interior.Entra-se.


Existem duas salas dentro da casa-forte. Uma contém a instalação Arquive-se de Jorge Rocha.
A outra contém os meus Sarcófagos Secretos de Leonardo da Vinci.
Gosto do sítio. Parece-me adequado para guardar sarcófagos que, ainda por cima, se chamam secretos.
Para ver na MALA .