26 dezembro 2006

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LXI

Excepto em caso de necessidade absoluta, evita passear a gibóia com trela e coleira.



LXII

Não farás amigos alimentando abutres com folhas de alface.

do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz



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O sítio onde o Afinador vai passar os próximos dez dias fica mesmo ao lado de Atrás do Sol Posto. É provável que não haja net. Não havendo net, não haverá Sinos.
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O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS ( XVII )

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Foi com relativa indiferença que acolhi, aí pelos meus seis ou sete anos, a revelação da não existência do Pai Natal. O mesmo não poderei dizer de quando, poucos anos depois, soube que algo semelhante se passava com D. Quixote e Sancho, a sua sombra anafada. A descoberta de que não passavam de dois seres de papel, tal como o meu amado Rocinante, encheu-me de tristeza e desilusão. Recordo-o agora, nesta minha viagem por terras manchegas que, segundo os meus cálculos, me era devida há trinta e dois anos, quando sonhava com vastas planícies e doces colinas, com moinhos e com gigantes desfazendo-se no horizonte.
Chama-se Carmen a minha Dulcineia e é por ela que percorro estas estradas com demasiada pressa e não me detenho a observar as paisagens de Quixote ( o que restará, ainda, do que viram os seus olhos? ) como sempre desejei fazer. Carmen, dizia, é bióloga, vive em Cuenca e faz pesquisa genética num instituto privado. Conheci-a em Lisboa, há pouco menos de dois meses. Acredito que ela se tenha apaixonado tanto por mim como eu por ela, prefiro ser positivo, esta é a primeira visita que lhe faço, não tenho outros planos senão estar com ela, reler Cervantes e percorrer alguns caminhos de Quixote. Encosto o carro e marco o número de Carmen. Telefonei-lhe esta manhã, ainda de Portugal, disse-me que estava impaciente pela minha chegada, sussurrou que me amava, senti o bafo do seu beijo através do auricular. O telefone toca do lado de lá. Espero. Carmenzita, mi amor, quero dizer-lhe no meu péssimo castelhano, queda poco, pouco mais do que cem quilómetros, até te encontrar outra vez. O telefone continua a tocar do lado de lá. Insisto. Nada, Carmen, mi Carmenzita, não atende. Deixo que passem dez minutos e volto a tentar. Começo a sentir-me nervoso. E se Carmen não responder?



O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS
Segundas aqui

22 dezembro 2006

A OFICINA DO AFINADOR

Sinos Desafinados

Uma enormíssima parte da população portuguesa está, neste preciso momento, dentro de um centro comercial, ou a sair de um centro comercial ou a encaminhar-se para um centro comercial.
Não há centro comercial, não há natal.

21 dezembro 2006

A OFICINA DO AFINADOR

Sinos Afinados

Entrada do Museu de Física da Universidade de Coimbra

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Trata-se de um daqueles museus antigos, cuja idade oferece um charme suplementar. Pode falar-se de um discurso expositivo algo datado e reconhecer, todavia, que ele se adequa ao que ali se expõe - objectos e maquinetas destinados a testar, demonstrar e confirmar princípios da Física que, ao longo de séculos, intrigaram a humanidade. Defrontamo-nos com objectos que são verdadeiros ovos de Colombo e com outros de natureza mais complexa, alguns construídos para a realização de experiências verdadeiramente loucas e imaginativas. É um mundo fascinante e não muito visitado. Agora que os museus da ciência, os experimentários, etc., vão estando na moda, torna-se ainda mais interessante visitar este seu percursor. Deixo-vos aqui o convite para entrarem num lugar onde a curiosidade, a inteligência,o talento e o génio humano estão presentes em cada peça. Querem melhor motivo?

informações através do nº 239410602

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13 dezembro 2006

Por causa disto
o afinador vai manter a oficina fechada
durante, mais ou menos, uma semana.
Fica, no entanto, isto

para todos os que estiverem interessados.

( Porque há dificuldades de leitura:

CONVITE

MUSEU DE FÍSICA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

19-12-2006, terça-feira,

Inauguração às 17 h. )


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O LIVRO DOS BONS PRINCÍPOS

terça-feira no DIVAS & CONTRABAIXOS

quarta no PONTO.DE.SATURAÇÃO

12 dezembro 2006

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LIX

É cada vez mais importante falar línguas estrangeiras. Se não dominares uma, muda de país e fala a tua língua.



LX

Claro que existe um pote de ouro no fim do arco-íris. O mais difícil é saber de que arco-íris.

do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz
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Há pessoas para quem uma ditadura não passa de uma ditamole e para quem um ex-ditador caquético e manhoso é uma espécie de avôzinho querido e benfazejo.
Só assim se compreendem os confrontos que estalaram nas ruas de Santiago.
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Mais sobre Pinochet. Duas ironias.
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11 dezembro 2006

O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS (XII)

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C. firma bem os pés e coloca criteriosamente os dedos das mãos de modo a não tocar na linha branca meticulosamente traçada no chão, diante de si. Retesa os músculos, está tenso como uma besta pronta a disparar, procura afastar toda e qualquer ideia, o mais ínfimo pensamento, da sua cabeça. Agora apenas importa o estoiro da pistola e a resposta que o seu corpo dará no momento decisivo. Anos de treino, esforço, concentração, tudo para que este momento dure menos de dez segundos, no mínimo menos de dez segundos.
Fora sempre rápido, muito rápido, por vezes demasiado rápido, até mesmo no acto do seu nascimento. A mãe mal tivera tempo para chegar ao telefone, ele escorrera-lhe pelas pernas abaixo como um esguicho, carne e placenta, a mãe a tentar agarrá-lo e ele a escapar-se por entre as mãos dela, viscoso e escorregadio, características que, vinte anos mais tarde, alguém lhe atribuíria.
Mas agora é imperioso retirar tudo isso da cabeça, depois do tiro tudo durará menos de dez segundos, acabam-se as memórias, as recordações, as coisas que lhe atiram à cara. Desta vez é a sério.
Para ganhar precisa de correr cem metros e levar menos de dez segundos a percorrê-los.


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Imagine o leitor-autor que pretende escrever um livro e não sabe por onde, nem como, começar. O LIVROS DOS BONS PRINCÍPIOS proporciona-lhe uma vasta gama de princípios para conto, novela ou romance que o leitor-autor poderá seleccionar livremente. Depois terá apenas que escrever o resto demorando o tempo que entender.
Hoje aqui
quarta-feira no Ponto.de.Saturação

08 dezembro 2006

Oficina do Afinador

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Sinos desafinados

Onde estão todos aqueles que gritavam - especialmente quando nada lhes era perguntado - a favor da invasão do Iraque?
Agora ( Não vale a pena individualizar links, vejam aqui ) ninguém os ouve. Fossem as conclusões outras e teríamos de aturar a chinfrineira de quem, em bicos de pés, reclamaria alto e bom som o seu pedaço de nervura de cada uma das folhas da coroa de louros do ( ex-previsível ) vencedor.
O rasto de destruição humana, económica, patrimonial e ambiental não os incomoda e é coroa que ninguém reclama. Nada é tão revelador de como a pequenez se sonha grande e conquistadora, como este silêncio ensurdecedor.

07 dezembro 2006

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LVII

Cristo devolveu a vista a Lázaro. Não era pessoa para usar vistas que não fossem suas.



LVIII

Tem sempre certezas absolutas. Talvez seja melhor do que teres dúvidas. Ou talvez não.


do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

06 dezembro 2006

a. pedro correia
2004
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05 dezembro 2006

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LV

É possível que sejas atacado por insónias. Mantém-te alerta e acordado até que o ataque passe.



LVI

Podes fazer passar um camelo pelo buraco de uma agulha. Mas dificilmente a usarás para coser as tuas roupas.


do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

04 dezembro 2006

O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS

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IX
Quando eu nasci ofereceram-me de presente um vaso de hortênsias. O meu pai agradeceu a intenção e plantou-as no fundo do quintal. Eu era pequena e brincava junto das hortênsias. Passaram-se quase oitenta anos e apercebo-me de que elas me acompanharam ao longo dos acontecimentos da minha vida. Aos Domingos a minha mãe fazia os meus pratos favoritos e compunha um ramo de hortênsias que colocava no centro da mesa. Nas duas vezes que casei havia hortênsias. Quando os meus filhos nasceram, ofereceram-me hortênsias. No dia do meu aniversário ofereciam-me hortênsias. Se alguém desejava o meu perdão pedia-o com um ramo de hortênsias nas mãos.
Agora, neste preciso momento, espero o meu advogado para lhe ditar o meu testamento. Quero deixar bem claro que não haverá hortênsias no meu funeral. Não quero que elas me persigam desde o nascimento até à morte. Não se pode atravessar a vida sempre com a mesma flor cravada em nós.

Imagine o leitor-autor que pretende escrever um livro e não sabe por onde, nem como, começar. O LIVROS DOS BONS PRINCÍPIOS proporciona-lhe uma vasta gama de princípios para conto, novela ou romance que o leitor-autor poderá seleccionar livremente. Depois terá apenas que escrever o resto demorando o tempo que entender.
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Segundas-feiras aqui
e, agora, também aqui

30 novembro 2006

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LIII

Vive. As alternativas, consideradas todas as hipóteses, são muito mais monótonas.



LIV

Percorre o túnel até ao fundo. Se não encontrares uma luz, é porque a lâmpada se fundiu.

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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

29 novembro 2006

a. pedro correia
2004
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28 novembro 2006

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LI

Grita mais alto do que o trovão. Verás que ele acabará por se calar.



LII

Há dias em que o mundo parece arrepender-se de ter nascido. Cabe-te tentar consolá-lo.
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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

27 novembro 2006

O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS

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VII
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Mr. Gallagher acordou e preparou-se para o seu mergulho matinal. Abriu a porta, deu dois passos para o exterior, esbugalhou os olhos, fechou-os, voltou a abri-los e esfregou-os com as costas das mãos. Não restavam dúvidas: alguém roubara o barco.
A prometida beleza da manhã desvanecera-se subitamente, apesar de as águas se apresentarem lisas e límpidas, tão límpidas e tão lisas como se nunca, em qualquer circunstância, um barco as houvesse, sequer, tocado.
Mr. Gallagher sentou-se na velha escada de madeira e chorou. Uma tristeza imensa invadiu o vale, ensombrou o ar e abateu-se violentamente dentro de si. Não suportaria aquela perda. Depois da morte da mulher, o barco era a única alegria, a única nesga de vida que lhe restava. Uma pergunta começava, no entanto, a insinuar-se no seu espírito: como poderia um barco de seis metros ter desaparecido? A vida sorrira-lhe, houvera momentos em que se sentira verdadeiramente feliz, mas agora parecia querer vingar-se dele, fazê-lo pagar por cada momento de contentamento que ousara conquistar.
Procuraria o barco, haveria de reencontrá-lo, acabaria por rir-se do destino e olhá-lo bem de frente, olhos nos olhos. Tinha setenta e cinco anos. Rir-se-ia do destino sentado ao leme do seu velho barco e cantaria a canção que a mulher lhe ensinara, sobre o pedaço de vento que se apaixonara pela vela de um navio. Depois disso não se importaria de morrer. Afinal uma vida já gasta vale o que vale, e a dele valia apenas a concretização de uma última imagem: o barco ancorado de novo, diante de sua casa, pairando sobre as águas tranquilas do lago.
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Imagine o leitor-autor que pretende escrever um livro e não sabe por onde, nem como, começar. O LIVROS DOS BONS PRINCÍPIOS proporciona-lhe uma vasta gama de princípios para conto, novela ou romance que o leitor-autor poderá seleccionar livremente. Depois terá apenas que escrever o resto demorando o tempo que entender.
Às Segundas-feiras no Afinador de Sinos
às Terças no Divas e Contrabaixos
às Quartas no Ponto.de.Saturação

24 novembro 2006

a. pedro correia
2004
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23 novembro 2006

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XLIX

Dá à luz. Oferece à luz aquilo que desejes ver iluminado.



L

Existem diferentes formas de lavar a alma mas, caso a não encontres, nada ganhas em conhecê-las.
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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

22 novembro 2006

a. pedro correia
2002
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21 novembro 2006

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XLVII

Ninguém me dá ordens, ninguém me dá ordens, ninguém me dá ordens. Repete comigo: ninguém me dá…



XLVIII

Mete a lua no bolso. Poderás conservá-la contigo entre o quarto minguante e o quarto crescente.
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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

20 novembro 2006

O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS

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Imagine o leitor-autor que pretende escrever um livro e não sabe por onde, nem como, começar. O LIVROS DOS BONS PRINCÍPIOS proporciona-lhe uma vasta gama de princípios para conto, novela ou romance que o leitor-autor poderá seleccionar livremente. Depois terá apenas que escrever o resto demorando o tempo que entender.
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IV
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Estava farto de gajos porreiros. Também ele fora um gajo porreiro, mas isso fora há muitos anos. Com o passar do tempo apercebera-se de que os gajos porreiros, ou são parvos, ou são enormíssimos filhos-da-puta travestindo simpatia. Ele pertencera à categoria dos parvos, fora o príncipe dos parvos, o porreiraço-mor, o homem dos consensos, dos acordos, o que queria estar de bem com deus e com o diabo, o compreensivo, o dos mil e um perdões. Mas o tempo estraga tudo e dá cabo, principalmente, dos bons intentos. Aos vinte anos pode ser-se ingénuo, ajuda ser-se crédulo, é-se, sem esforço, um gajo porreiro. Mas, aos quarenta?...
Por isso saiu de casa, sério e resoluto. Tinha quarenta e dois anos e uns assuntos por resolver. O primeiro deles era acertar o relógio da sua vida.
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O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS
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Segundas-feiras no AFINADOR DE SINOS
Terças-feiras no DIVAS & CONTRABAIXOS
Quartas-feiras no PONTO.DE.SATURAÇÃO

17 novembro 2006

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XLV

Se o peixe se imaginar pássaro, não interfiras. Ele acabará por se decidir sozinho.



XLVI

Junta um palito por cada porco que tenhas. Vários palitos fazem uma vara.
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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

16 novembro 2006

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XLIII

Não firas o silêncio. Se, no entanto, o ferires, presta-lhe os primeiros socorros.



XLIV

Constrói castelos na areia. Recorda-os, para que durem muito tempo.
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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

15 novembro 2006

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Hoje, Quarta-feira, no Ponto.de.Saturação
Às Segundas n'O Afinador de Sinos
Às Terças no Divas e Contrabaixos,
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O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS
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" É verdade que funciona. Desde que comecei a utilizar este método, já escrevi 1366 páginas, sem qualquer dificuldade. Por este andar, concluo os dois terços que faltam antes do final da semana."
Leitor-autor devidamente identificado
a. pedro correia
2002
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14 novembro 2006

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XLI

Desafia a lei da gravidade. Ri-te.



XLII

Coloca as palavras gastas num contentor apropriado.
Recicla-as.
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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS

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ÀS SEGUNDAS-FEIRAS N'O AFINADOR DE SINOS
ÀS TERÇAS (HOJE) NO DIVAS E CONTRABAIXOS
ÀS QUARTAS NO PONTO.DE.SATURAÇÃO
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O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS
" Inícios possíveis para livros virtuais"

13 novembro 2006

O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS

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Imagine o leitor-autor que pretende escrever um livro e não sabe por onde, nem como, começar. O LIVROS DOS BONS PRINCÍPIOS proporciona-lhe uma vasta gama de princípios para conto, novela ou romance que o leitor-autor poderá seleccionar livremente. Depois terá apenas que escrever o resto demorando o tempo que entender. Inúmeras obras-primas foram já produzidas utilizando esta técnica, não temamos a palavra, revolucionária.
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I
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A forma como José Maria foi ali parar representa um mistério. Lembra-se de ter ido passear Oxalá, o setter irlandês de pêlo acobreado, depois do jantar, lembra-se de, a dada altura, o ter ouvido rosnar. Depois, lembra-se apenas de ter acordado ali, não sabe há quantos dias. Está escuro, está sempre escuro, ainda que os olhos se habituem, nada há para ver; apenas breu, negro cerrado, trevas. Parece-lhe que está numa gruta natural, pelo chão corre um ínfimo fio de água. Alimenta-se de umas coisas viscosas que se movem lentamente. Quando as trinca retorcem-se na sua boca , mas não têm mau sabor. A sua maior preocupação, agora que quase desistiu de poder regressar ao que fora a sua vida anterior, é saber como ali chegou.
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SEGUNDO PRINCÍPO amanhã no DIVAS & CONTRABAIXOS
TERCEIRO PRINCÍPIO Quarta-feira no PONTO.DE.SATURAÇÃO
Às Segundas-Feiras n' O Afinador de Sinos,
Às Terças-Feiras no Divas & Contrabaixos,
Às Quartas-Feiras no ponto.de.saturação,
O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS
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Quer, o leitor-autor, escrever um livro, um conto, uma novela?
O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS oferece-lhe o início.
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( continuações do texto, sugestão de princípios, comentários, etc. são bem recebidos. )

10 novembro 2006

O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS

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Às Segundas-feiras, a partir da próxima, O Afinador de Sinos, em colaboração alternada com Divas & Contrabaixos e ponto.de.saturação, começará a publicar O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS. Inicia assim:

Imagine o leitor-autor que pretende escrever um livro e não sabe por onde, nem como, começar. O LIVROS DOS BONS PRINCÍPIOS proporciona-lhe uma vasta gama de princípios para conto, novela ou romance que o leitor-autor poderá seleccionar livremente. Depois terá apenas que escrever o resto, demorando o tempo que entender. Inúmeras obras-primas foram já produzidas utilizando esta técnica, não temamos a palavra, revolucionária.

Não perca. Na blogosfera a partir de 13 de Novembro.
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XXXIX

Ocupa-te de um animal imaginário. É económico e entretém.



XL

Podes pedir à pena da ave que voe. Porém, não lhe peças que cante.
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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

09 novembro 2006

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XXXVII

Há três coisas que não podes fazer. É inútil que saibas quais são.



XXXVIII

Morre um bocadinho todos os dias. Assim, no final, faltará muito pouco.

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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

08 novembro 2006

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XXXV

Vive uma vida que seja tua. As vidas emprestadas pagam juros mais altos e são mais sensíveis às flutuações.


XXXVI

Constrói uma jangada de pedra. Fundeia-a numa baía de areia.

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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

07 novembro 2006

EQUILÍBRIO (II)

a. pedro correia
Centro Cultural de Lagos
2004
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06 novembro 2006

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XXXIII

Veste um fato preto. Põe um chapéu preto, uns sapatos pretos e uns óculos pretos. Se não gostares do resultado, muda de roupa.



XXXIV

A ordem natural das coisas é não discutir, entre ti e a pulga, quem alimenta quem.
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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

31 outubro 2006

EQUILÍBRIOS (I)


a. pedro correia
Centro Cultural de Lagos
2004

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30 outubro 2006

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XXXI

Passeia-te sob a chuva. Se derreteres, és solúvel.



XXXII

O sono é fundamental para a infância. Depois das dez da noite não deves acordar a criança que há em ti.
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de Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

27 outubro 2006

26 outubro 2006

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XXIX

Quando te defrontares com o medo agradece-lhe a companhia. Diz-lhe: agora já somos dois.



XXX

Darwin tinha razão. Mas não tanta que tornes a vaca carnívora.
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de Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

24 outubro 2006

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XXVII

Se se te esgotarem as ideias inventa alguma coisa.



XXVIII

Com os olhos, fixa a trajectória da seta no ar. Fixa a seta no ar.
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de Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

23 outubro 2006

20 outubro 2006

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XXV

Finge que afagas um gato. Se tiveres um, afaga-o.



XXVI

Podes tentar, mas vai ser-te difícil alimentar peixes com leite.
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de Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

19 outubro 2006

18 outubro 2006

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XXIII

Há o dia, há a noite e há o tempo em que me ausento.



XXIV

Escolhe um galo que não cante. Para despertar, usa um despertador.
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de Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

17 outubro 2006

O HOMEM QUE FALAVA COM OS PEIXES

a. pedro correia
Fortaleza de Sagres
2002
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16 outubro 2006

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XXI

Agarra um pedaço de vento e pergunta-lhe por onde passou. Se não responder, liberta-o.


XXII

Arranja um colo e ronrona.
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de Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

13 outubro 2006

O HOMEM QUE FALAVA COM OS PEIXES ( pormenor )

a. pedro correia
Fortaleza de Sagres
2002
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12 outubro 2006

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XIX

Procura manter os pingos da chuva separados. Se os juntares tornam-se apenas água.



XX

Pousa o olhar o mais que possas. Mas leva os olhos sempre contigo.
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de Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

11 outubro 2006

PORMENOR DE " O HOMEM QUE FALAVA COM OS PEIXES "


O Homem que Falava com os Peixes
Fortaleza de Sagres
2002
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10 outubro 2006

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XVII

De manhã, ao acordar, conta os dedos dos pés e os dedos das mãos. Se faltar algum, procura entre as dobras dos lençóis.




XVIII

Se eu estivesse no teu lugar também me sentiria eterno. Infelizmente morri ontem.
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de Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

06 outubro 2006

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XV

Se a bala vem já na tua direcção, sê simpático e gentil. O contrário em nada alterará o seu destino.


XVI
Não fujas da serpente que ainda permanece dentro ovo.
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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

05 outubro 2006

04 outubro 2006

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XIII

Se perguntares ao leão quantos dentes tem, não esperes pela resposta.



XIV

Pede educadamente à porta que se abra. Se ela não abrir, utiliza a maçaneta.

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do Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz


03 outubro 2006

02 outubro 2006

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XI

Podes ordenar ao chouriço que volte a ser porco, mas não estranhes que ele não te obedeça.



XII

Senta-te na planície e espera. Um dia passará Maomé a caminho da montanha, outro passará a montanha a caminho de Maomé.
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de Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

29 setembro 2006

28 setembro 2006

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IX

É possível que estejas morto. Nesse caso é inútil prosseguires a leitura.



X

Parece unânime a opinião de que tudo é diverso.

de Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

27 setembro 2006

26 setembro 2006

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VII

Se exagerares ao tapar um buraco crias um monte.



VIII

O pássaro que fica pousado no céu não é pássaro, é céu.
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de Caderno de Pensamentos do Sr. Anacleto da Cruz

25 setembro 2006

22 setembro 2006

CADERNO DE PENSAMENTOS DO SR. ANACLETO DA CRUZ

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V

Trata bem a tua sombra. Sê grato por ela não te ter ainda abandonado.


VI

Se caíres de um sítio demasiado alto, prefere que o buraco não tenha fundo.

21 setembro 2006

CADERNO DE PENSAMENTOS DO SR. ANACLETO DA CRUZ

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III

Entre dois ovos iguais, escolhe o que puderes voltar a fechar.


IV

Quando um peixe falar contigo, ouve-o.

20 setembro 2006

CADERNO DE PENSAMENTOS DO SR. ANACLETO DA CRUZ

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O Afinador de Sinos inicia aqui a publicação do " CADERNO DE PENSAMENTOS DO SR. ANACLETO DA CRUZ ".
A pergunta que o leitor faz neste momento não tem uma resposta esclarecedora. O Afinador não sabe quem é, foi, ou terá sido, o Sr. Anacleto da Cruz. Existe um tal a. pedro correia que garante ter conhecido bem o Sr. Cruz, mas o Afinador permite-se duvidar.
Esse tal a. pedro correia poderá ter forjado o caderno e, até, quem sabe, o nome do seu autor.
Difícil é saber onde terá ele ido buscar tão pensamentos tão...

I

Quando deres a mão a alguém procura recuperá-la.



II

A intimidade que se torna pública não é íntima.

19 setembro 2006

18 setembro 2006

15 setembro 2006

14 setembro 2006

13 setembro 2006