27 julho 2006

laurear a pevide, dourar a pílula, espojar o esqueleto...

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O Afinador de Sinos vai afinar sinos para outra paróquia que, por acaso, fica noutra freguesia. Voltará daqui a umas semanas convencido de que a blogosfera já não poderá passar sem ele. Até lá pode visitar a Deriva das Palavras, Divas&Contrabaixos e Stressless, que, muito simpaticamente, deram destaque aos sinos do afinador nestes curtos tempos de blogue. Um abraço para eles. Outro para si.

25 julho 2006

a canção do guerrilheiro

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eu não podia contemporizar!


alguns tocavam trompete,
clarinete, oboé,
outros tocavam piano
e não sei mais o quê.


era no verão de 73.


uns tocavam violino…


eu tocava G-3.


de poesia sobrevivente 1978/1986
( poemas que escrevi há mais de vinte anos )

24 julho 2006

a. pedro correia
2005

21 julho 2006

há, nas noites de lua cheia,

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há, nas noites de lua cheia,
no verão, nas cidades à beira mar,
na embriagada felicidade alheia,
uma dor, um certo azul, um gume,
que tudo faz por se desatar.



depois penso em ti, leila,
e em ti sílvia e helga e mafalda.
passámos ao lado. a verdade, ei-la:
era um rio que corria sem desaguar
era água que não queria ser mar.


de poesia sobrevivente 1978/1986
(poemas que escrevi há mais de vinte anos)

20 julho 2006

a. pedro correia
2005

19 julho 2006

VII

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navegar
vagar vagar


suspiros em terra
o barco no mar


de poesia sobrevivente 1978/1986

18 julho 2006

VI

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por ti troquei o mar.


antes me houvesse perdido
e mais de mim
jamais soubesses.

17 julho 2006

V

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antes e depois da ave
de nós
que resta sobre o céu?

14 julho 2006

IV

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a acção das mãos
a finitude das coisas humanas
o amor e o afago
a negra sabedoria
de ser breve

-adeus.

13 julho 2006

III

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dia após dia
noite após noite
me recolhi.


águas, semanas, meses
não sei quantos.


já podes vir.

12 julho 2006

II

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que fazer agora
quando por dentro
o fogo te consome?


altivo porte
o das águas do teu rosto.

11 julho 2006

18 de Março de 1985 (I)

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desalinhados cabelos
tranquilo rosto
serena, bela cabeça
de homem.


o que me doi
por dentro a roi.


de poesia sobrevivente 1978/1985
(poemas que escrevi há mais de vinte anos)
No dia 18 de Março de 1985 escrevi sete pequenos poemas de seguida. Juntei-os num pequeníssimo caderno que recortei e agrafei e, passado algum tempo, esqueci-os. Escusado será dizer que o mesmo aconteceu também ao dito caderninho.
Mas o Afinador tem destas coisas e, numa descida à cave, emergiu com ele entre os dedos. São esses sete poemas que O Afinador de Sinos passa agora a publicar sob o título 18 de Março de 1985.

10 julho 2006

08 julho 2006

o peixe prateado (III)

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uma vez mais olharás o peixe.



não se pode contemplar
tão branca leveza e ficar
impune. beijarás o peixe na boca
colarás a sua respiração à tua. tua
será a morte do peixe, dirás.
“fui beijado pelo mais antigo
secreto e puro oiro.”



uma última vez o verás, agora
em sua cor invisível.
eis-te tocado pelo peixe.
pela água e pela luz.


de poesia sobrevivente 1978/1986
(poemas que escrevi há mais de vinte anos)

07 julho 2006

o peixe prateado (II)

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tome-se o peixe e sua cor.
prateado.



tome-se o seu voo deslizante
os olhos as escamas ainda a
sua voz.
“solidão é um nome junto a mim.
assalta-me o desejo e eu digo
… a tua boca …”



é agora um peixe descoberto pelo corpo.
insustentável em sua cor negra.

de poesia sobrevivente 1978/1986
(poemas que escrevi há mais de vinte anos)

06 julho 2006

o peixe prateado (I)

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imagine-se um peixe simples
tocado pela água e pela luz.



imagine-se o seu movimento
a sua cor a sua voz
“procuro o meu nome o lugar
onde toda a água se desfaz”. é
um peixe tocado pelo espírito
amador da luz em seu corpo
prata.



pelo poema iluminado peixe.


de poesia sobrevivente 1978/1986
(poemas que escrevi há mais de vinte anos)

03 julho 2006

outra estrada principia onde

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outra estrada principia onde
esta termina.



a luz principia no centro
da noite. dizem alguns



quando uma luz finda logo
outra inicia.



todas estas obras as miragens
(d)os homens as construíram.



que outra luz haverá senão
a miragem?


de poesia sobrevivente 1978/1986
(poemas que escrevi há mais de vinte anos)