28 maio 2006

ergui muros de palavras contra as lágrimas

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ergui muros de palavras contra as lágrimas.



lágrimas em mares onde as palavras
seriam barcos respirando, eu vi
a sorte dos ventos, a
partida adiada, a lua
amarrada ao porto.



ergui muros tijolo a tijolo de palavras.



dirias: tinhas os ouvidos cimentados.
respiro. a lua na ponta dos dedos
e já as palavras não servem.
diria: os teus primeiros olhos
atravessam-me como uma comoção violenta
e vou à fonte buscar água se queres,
beber sal, encher-me de maresia,
trazer o vento ao nosso suor.



ergui muros de palavras contra as lágrimas.



eram ocas de silêncio as palavras
e o silêncio devia habitar os barcos
lançados pelas tuas palavras em alto mar.
é nas noites em que a lua
se desenlaça dos meus braços que morro,
morro sempre um pouco por isso.


1981

de poesia sobrevivente 1978/1986
(poemas que escrevi há mais de vinte anos)

1 comentário:

Anónimo disse...

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