28 maio 2006

DESCARGAS BILIARES

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Há uma linha de descrença, de corrupção quase generalizada, de desmoronamento das instituições, que atravessa os países de expressão oficial portuguesa. A única excepção parece ser, actualmente, a república de Cabo Verde.
Em Timor-Leste residia, ainda, um capital de esperança que permitia imaginar um país muito jovem e unido em torno sua recente independência e da memória de décadas de ocupação estrangeira, cujas riquezas petrolíferas poderiam, finalmente, promover o desenvolvimento e o bem-estar das populações.
A esta distância, refugiados no nosso próprio desconhecimento da realidade, olhávamos para Timor como se de um processo exemplar de unidade, nascida durante os tempos de resistência, se tratasse.
Afinal essa unidade ( étnica, linguística, nacional, etc.) estava minada, não apenas pela extrema pobreza do país, mas por um conjunto de barreiras e de aspirações pessoais que desconhecíamos.
Não pretendo aqui discutir se existem, ou não, coincidências nestas coisas. Constato apenas que a linha negra que atinge o coração dos países que se expressam oficialmente em português, também se estende a Timor.
Ocorrem-me inúmeras perguntas relacionadas com o assunto, mas opto por esta, para terminar: Durante quanto tempo continuará Cabo Verde a afirmar-se como excepção a este panorama ensombrado?

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