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Sinos Afinados
Chamava-se Goranka. Era croata e chegou a Portugal na sequência da guerra civil que desmembrou a Jugoslávia.
Sinos Afinados
Chamava-se Goranka. Era croata e chegou a Portugal na sequência da guerra civil que desmembrou a Jugoslávia.
Vinha cheia de energia e de vontade de fazer coisas novas. Pouco a pouco, os fantasmas - os da guerra e outros - começaram a assaltar a sua cabeça. Tinha alturas em que se julgava perseguida, imaginava espiões e aparelhos de escuta, inventava formas de se livrar deles. Às vezes falava nos pais e na sua Croácia. Perguntei-lhe muitas vezes porque não regressava, agora que a paz tinha voltado. Nunca quis.
Soube, hoje, que morreu. A Gora era minha amiga, foi sempre minha amiga. A Gora era, verdadeiramente, amiga dos seus amigos.
Podia ter, por vezes, um som estranho, com interferências dos fantasmas da torre, mas era um sino afinado. Deixou de tocar há dois dias.
5 comentários:
lamento, Pedro. perder um amigo é simplesmente triste. eu ainda não aprendi a lidar com a coisa.
PS: olha, houve dislexia: é Jugoslávia ;)
este tipo de perdas demoram a sarar, mas da dor, retira e conserva a lembrança dos momentos felizes.
Infelismente quem nasce morre. Resta a esperança. Aquele abraço.
Cordialmente
www.angolaxyami.com
Obrigado a todos. Obrigado, também, pela correcção, Maria.
Caro Pedro Correia
Obrigado pela visita ao meu blog.
"A morte saiu à rua num dia assim".
A cada instante e em cada esquina sai a ceifeira inexorável sem que haja arma alguma com que nos possamos defender...
Um abraço
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