27 junho 2006

que dizer de um marinheiro

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que dizer de um marinheiro
de um barco fendido pelas águas
fendido pela força da luz?



que dizer sobretudo das águas
de um barco nas zonas feridas da memória
nas horas tempestuosas do sono?



que dizer afinal dos barcos
do peso da noite sobre a proa
do peso dos barcos sobre mim



do peso da dor nestas viagens?


de poesia sobrevivente 1978/1986
(poemas que escrevi há mais de vinte anos)