15 junho 2006

AMENAS NOITES DE ABRIL

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amenas noites de abril.


o pirilampo veste-se de fósforo intermitente
o sino toca, o morcego rodopia
tornado visível pela luz. eu
quereria oferecer-te este precioso momento
a improvável simultaneidade destas coisas.


a poesia é uma arte difícil meu amor.
trata-se de esconder o gato
deixando cuidadosamente a cauda
de fora.


palavra por palavra
como num jogo a dois
introduzo elementos
desvendo segredos
escureço a luz
aclaro sombras
convoco barcos
escolho matizes
digo meu amor em vez de
meu amor. sabes


a poesia é uma arte circular.
trata-se de descobrir pacientemente o gato
escondendo cuidadosamente a cauda.



de poesia sobrevivente 1978/1986
(poemas que escrevi há mais de vinte anos)