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Lembro-me de ter quinze ou dezasseis anos quando li Luuanda, primeiro, e A Vida Verdadeira de Domingos Xavier, depois.
Lembro-me de, nessa altura, ter levado um murro no estômago. Afinal o português também pode ser isto?
Lembro-me de conhecer aquela música, lembro-me de ter ouvido aquelas palavras, lembro-me que eu havia vindo de Angola um, dois anos, antes. Tudo aquilo estava ainda nos meus ouvidos, o murro apanhou-me em cheio.
Afinal o português pode ser assim? Pode escrever-se assim escrevendo bem? Isto, assim, é bem, em português?
Luandino, inquestionávelmente, alargou as fronteiras do português enquanto língua "escrevível", enquanto matéria para construir uma outra literatura. Pese a ineludível datação dos seus livros, Luandino foi novo e foi pioneiro. Mia Couto é, por exemplo e apesar das evidentes diferenças, uma consequência disso.
PS: É muito natural que alguma inteligenzia nacional pareça desprezar a biografia e a obra de L.V.
Luandino não faz parte dos seus círculos.
2 comentários:
manifesto o meu desconhecimento do autor referido; daí o facto de não poder opinar...
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