02 abril 2007

O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS (XLIII)

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- Feromonas - disse o sr. Macjeito.
- Perdão? - perguntou o outro, que era fininho, corcovado e tinha cara de peixe.
- Feromonas, atracção animal, rebarba, cio - o sr. Macjeito agarrou o braço direito com a mão esquerda e rematou - tesão.
- E acha que isso explica tudo?
"Há tantas espécies de peixe", pensou o sr. Macjeito, "carapau, sardinha, tamboril" e declarou em voz alta - Você não imagina o que as feromonas têm feito pela história da humanidade.
- Mas o gajo era um bronco! Ela, vá lá, pode até dizer-se que é uma senhora, parece inteligente, cheira-me a que seja culta.
- Uma coisa sabemos: a tipa tinha dinheiro, podia pagar.
- Está a dizer que, para eles, era tudo uma questão de truca-truca?
- Agradeço que não ponha palavras suas na minha boca. Mas acho que sim, para ela seria isso, truca-truca, vai e vem, o que queira. Para ele não sei, talvez fosse só por causa do pilim, o dito carcanhol.
-De modo que, diz você, ele andava atrás do guito?
- Uma nota de cem aqui, uma gravata de seda ali, o gajo era um cromo, investia na fachada, lustrava a frontaria.
- E ela?
- Ela gostava da loja, o marmanjo vendia artigo especializado.
- Ferormonas...
- Isso - o sr. Macjeito deixou passar a gaffe do outro - apostava na cambalhota, tinha um lado secreto.
- Vai daí, evaporaram-se os dois. E agora o marido paga-me para a encontrar.
- E você - "Cara de besugo, o outro tinha cara de besugo, avermelhada e tudo" - quer que eu o ajude a si...
- Que trace o perfil psicológico dos dois, que me ajude a analisar os dados e a compreender as suas motivações.
- Pois. Para já podemos excluir o amor desta história. Além disso, é um bitaite meu, pode bem ser que encontremos um cadáver no meio desta trapalhada. Ou até dois.
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1 comentário:

ivamarle disse...

ai o que eu tenho perdido por andar afastada com outras coisas...