14 março 2007

Grandes Portugueses Anónimos (VI)

É o mais anónimo de todos os que aqui trazemos.

Ter-se-á destacado terçando armas junto do ainda imberbe Afonso Henriques. Ganhou, aos olhos do futuro rei, ascendente suficiente para um dia, provavelmente uma noite, lhe dizer:

- Deixa a tua mãe em paz, Afonso, não é bonito continuares a bater-lhe. Bater por bater, vamos passar a ferros aqueles morenos lá de baixo, divertimo-nos na mesma e ficas mais bem visto junto do resto da família.

Afonso tê-lo-á olhado em silêncio, sem responder.

- E, ainda por cima, aproveitas e fazes um reino, é bastante melhor do que um condado. Chamar-te-emos rei, faremos da tua mulher, quando a tiveres, nossa rainha, terás maior legitimidade para bater em quem te der na veneta, só o Papa e o Arcebispo de Braga te poderão repreender.

A frase de D. Afonso, que não sendo ainda monarca não dispunha de cronista privado, atravessou os tempos:

- Bora lá, bora já, tamos nessa.

A esse Grande Português Anónimo agradeceu encarecidamente D. Teresa pela valia dos seus conselhos junto do filho. Caso contrário o rapaz haver-se-ia precipitado sobre a Galiza, Astúrias, Leão...

A actual pressão populacional sobre o litoral faz com que todos nós lhe devamos um agradecimento especial e o resgatemos das malhas do olvido. Foi ele, afinal, que ofereceu a grande parte da população portuguesa o magnífico pôr-do-sol sobre o mar.
*
foto gentilmente roubada a MRF

1 comentário:

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Obrigada, Afonso, pá, não tinha pensado em ti, mas o Pedro lembrou bem. E olha, não ligues aos gajos que não votaram em ti para seres o maior grande português de sempre. São uns toinos, pá! Mas já era tempo de arranjares um Public Relations. O Pedro até está a fazer um bom trabalho mas agora é tarde demais, meu :(