A posição de cada um relativamente ao referendo sobre o aborto pertence ao próprio e a quem este decidir consultar sobre o assunto. É, portanto, uma questão de consciência individual.
Penso, no entanto, que a consciência não é uma entidade etérea e abstracta, mas sim o resultado de posições filosóficas, éticas, sentimentais e de posições mais prosaicas como desejar ou não um filho, sentir-se ou não à altura de o educar dignamente, penalizar ou não quem tenha práticas e posições divergentes.
Aceitar a voz da consciência individual significa rejeitar grande parte da argumentação que, por estes dias, atulha a comunicação. A questão não é sobre quando começa a vida, nem sobre o aumento ou diminuição da população, nem sobre "pedir desculpa à sociedade" em vez de outro tipo de penalização.
O problema é saber se uma pessoa pode ser obrigada a gerar outra pessoa se achar que não o deseja, que não o sabe fazer responsavelmente, que, por variadíssimas razões, não o pode fazer, e se a sociedade pode, finalmente, decidir por ela impondo-lhe a maternidade.
Eis porque, pesadas as razões e atendidos os meus valores de índole ética e espiritual, em consciência, estou do lado do sim.
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