A inauguração da nova exposição de Xana, intitulada "O Falso Diário de A.B.", realiza-se na próxima sexta-feira, dia 13 de Julho, pelas 18.00 h. na Sala do Cinzeiro do Museu da Electricidade (Central Tejo, Av. Brasilia, 1300 LISBOA)
Nesta exposição, Xana apresenta obras inéditas realizadas em 2007 que são o desenvolvimento das suas pesquisas com pinturas digitais cinéticas apresentadas na sua exposição antológica, realizada na Culturgest em 2005.
"O Falso Díario de A. B. " é o titulo enigmático do conjunto de obras apresentados agora na Central Tejo - numa instalação que conjuga o vídeo, o desenho e a escultura.
O núcleo central da exposição é um conjunto de cinco vídeos realizados em Madrid, Lisboa e Lagos, locais em que o artista filmou algumas vivências quotidianas, como uma visita a um Museu, a permanência numa discoteca ou um passeio urbano. Esses vídeos foram montados e sujeitos à intervenção de desenhos digitais ou frases/legendas que se sobrepõem às imagens iniciais criando uma narrativa ficcional de múltiplas leituras.
Esta instalação de vídeos é contextualizada pela presença de uma escultura cenográfica constituída por 720 baldes de plástico vermelho, intitulada ironicamente de "Muro de Lisboa" e enquadra-se no seguimento de outras obras realizadas pelo artista, desde 1989, com objectos industriais. Apesar da efemeridade e do caracter eminentemente estético desta construção, é obvia a referência conceptual deste muro com o mítico "The Wall", tema dos Pink Floyd, com o Muro de Berlim ou com tantos outros muros que separam as comunidades em conflito, como o actual muro entre Israel e a Cisjordânia.
Como afirma João Pinharanda, comissário da exposição, "o que acontece nas experiências que agora se apresentam pela primeira vez, ... revela a faceta crítica, complementar da obra de Xana. Sobrepondo realidades diversas (pequenos filmes, fotos, desenhos, curtas animações, frases marcantes) Xana prolonga experiências fotográficas de 2003 e parece proceder à depuração de um conjunto de vastas colagens (de 1985, série "Raspar as palavras") onde acumulava tematicamente imagens de políticos e factos históricos, alimentos, paisagens, artistas e obras de arte… mantendo um espírito de registo documental e comentário crítico e cruzando-o com testemunhos de subjectividade imediata. Assim constituiu um arquivo de olhares banais sobre coisas banais, de momentos de alegria fútil nos convívios sem história entre amigos ou de voyeurismos sem consequências. Um arquivo de imagens nauseantes da sociedade de consumo, paisagens devastadas pela urbanização, paródias à massificação da cultura...
A intervenção dos seus desenhos nas imagens filmadas e nas fotos mantém o marcante carácter de surpresa e contradição cromática e formal, humor e desestabilização. Do mesmo modo, certas frases (com efeito semelhante às que usara nos anos 80 em pequenas colagens de jornal) regressam como legendas finais constituindo comentários que integram inteligência verbal e inteligência visual — formas e ideias sobre a felicidade e a nostalgia, a perdição e a salvação do mundo. Xana torna artístico o que o não é e altera o estatuto das imagens que o são – manipulando todos os dados disponíveis de um modo aparentemente narrativo provoca sucessivos incidentes."